Administração de Buritizeiro pede providências a Ministérios sobre a situação das ruas do município
Fotos: Alana Freitas
Abaixo, a íntegra do documento.
Relatório
De: Prefeitura Municipal de Buritizeiro-MG
Para: Ministério da Integração Nacional
Assunto: Município em Situação de Emergência
Data: 7-1-2011
No ano de 2009, a sede do município de Buritizeiro, que em extensão territorial é o quarto maior de Minas Gerais e está situado na margem direita do Rio São Francisco, foi contemplada, pelo Governo Federal, com uma obra de grande alcance social: o esgotamento sanitário.
Sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba (CODEVASF), essa obra de esgotamento sanitário faz parte do Programa de Revitalização do Rio São Francisco e integra ainda o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Na oportunidade, toda a comunidade comemorou o investimento do Governo Federal, na expectativa de que geraria trabalho e renda com a contratação de centenas de trabalhadores.
A administração municipal, naquele momento de entusiasmo, ressaltou a importância da obra para a melhoria de vida dos buritizeirenses. É voz corrente que para cada real investido em saneamento economizam-se cinco reais na saúde. Em contrapartida, o município disponibilizou as áreas para as estações elevatórias e a estação de tratamento, além da evidente participação das secretarias municipais de Política Social, Educação e Saúde, na orientação da população quanto aos transtornos iniciais da obra e os benefícios que viriam no futuro.
Todavia, poucos meses depois de iniciados os trabalhos, o mais leigo dos moradores de Buritizeiro pôde observar que, da forma como estava sendo conduzida, a obra do esgotamento sanitário de sua cidade resultaria em puro engodo, com o desperdício de muitos milhões do dinheiro público. A empreiteira, trabalhando, a princípio, a toque de caixa, abriu valetas indiscriminadamente em muitas ruas, sem os devidos cuidados no sentido de que, colocadas as manilhas no subsolo, a superfície das ruas voltasse à normalidade, ou seja, impecáveis as ruas, prontas para a circulação de veículos e pessoas.
Tamanha negligência e, inexplicavelmente, sem a devida e esperada fiscalização da CODEVASF possibilitaram à empreiteira esmerar-se no descumprimento do objetivo maior do contrato que assinara, ou seja, a construção do esgotamento sanitário. Pelo contrário, prosseguiu na sua prática de terra arrasada, espalhando valetas nas ruas, para, em seguida, paulatinamente, reduzir o ritmo da obra. Até o dia em que desativou definitivamente o seu canteiro de obras, causando grandes prejuízos aos seus funcionários e aos fornecedores, deixando de pagar-lhes o que lhes era devido em salários e as compras que fizera no comércio local.
Indispensável registrar que, antes de retirar-se, a empreiteira, em final de outubro de 2009, também ela recepcionou o então Presidente Lula e a então Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, quando em Buritizeiro iniciaram o seu périplo pelo Vale do São Francisco, para, justamente, inspecionarem... as obras de esgotamento sanitário ao longo do rio, patrocinadas pelo Governo Federal, sob os cuidados da CODEVASF.
Os prejuízos ao povo buritizeirense não se restringiram ao calote causado pela empreiteira aos trabalhadores, ao comércio e aos prestadores de serviços. Tal golpe calou fundo no amor próprio de todos os munícipes, deixando sua auto-estima ao rés do chão, provocando, concomitantemente, profunda descrença nas autoridades constituídas, aos olhos do povo descompromissadas com o erário público ao permitir que a empreiteira agisse com tamanha irresponsabilidade. As ruas praticamente destruídas ficariam como marcas indeléveis de uma obra que deveria ser redentora, mas que resultou apenas em terra arrasada.
Hoje, lamentavelmente, o que se vê na cidade são ruas parecidas com as do Vietnam bombardeado. Intransitáveis para veículos e, quando chove, até para pessoas, pois se transformam em caudalosos e intransponíveis riachos. A empreiteira rasgou as ruas (VER FOTOS EM ANEXO), algumas em toda sua extensão, destruindo o asfalto onde havia asfalto, sem se preocupar em recompô-lo. Principalmente agora nesse período de chuvas intensas, na sede de Buritizeiro são centenas de casas invadidas por enxurradas, trazendo prejuízos de toda ordem para as famílias. Em algumas situações, ilhadas em suas casas. Houve casos em que foi preciso a intervenção do Corpo de Bombeiros para, dessas casas, retirar idosos doentes, para que fossem levados ao hospital.
As chuvas trazem prejuízos imensuráveis ao povo de Buritizeiro, pois arrasam suas ruas, trazendo-lhe tristeza e decepção, limitando o sagrado direito de ir e vir. Bastam poucas horas de chuva para que os estragos assolem quase todas as ruas da cidade. A lama toma conta de tudo, surgem crateras, prejudicando motoristas, impedindo-os de circular com seus veículos. Pior: o terreno do município é bastante arenoso e, com as enxurradas, a areia é celeremente conduzida para o Rio São Francisco, corroborando para o assoreamento do seu leito. O que vai de encontro ao objetivo do Governo Federal, que se empenha vigorosamente na revitalização do São Francisco.
O povo de Buritizeiro, não bastassem as aflições do seu duro dia-a-dia, desespera-se com a destruição de suas ruas e a todo momento recorre à prefeitura em busca de soluções urgentes. Lixo, entulho, buracos, o povo não quer em suas ruas, transformadas em atoleiros. E com justa razão recorre aos meios de comunicação, principalmente à televisão, para criticar a situação das vias onde, em virtude do período chuvoso e dos estragos deixados pela empreiteira, foram tomadas pelo barro, pela lama, por crateras.
A prefeitura faz o que pode, e infelizmente pode muito pouco. Investe em patrolamento e paliativos, que consomem recursos de que não dispõe. Não bastassem todos esses graves problemas que temos na cidade, a extensa zona rural do município, repetimos, o quarto de Minas em extensão territorial, com distritos 120 km distantes da sede, é igualmente penalizada com o excesso de chuvas, pois as estradas ficam intransitáveis, trazendo prejuízos de toda ordem aos moradores e produtores rurais, dada a dificuldade de se evacuar a produção. Outra alternativa não resta a esta administração senão declarar o município em Situação de Emergência.
Essa situação não pode mais perdurar e, por isso, por este documento, recorremos ao Governo Federal no sentido de que disponibilize recursos para a prefeitura de Buritizeiro, para que transforme suas ruas, recuperando-as, tornando-as pavimentadas, limpas.
Somos gratos ao Governo Federal quando contemplou o nosso município, via CODEVASF, com verbas para a construção da rede de esgoto local. Todavia, não pode o povo de Buritizeiro ser penalizado com a incúria de uma empreiteira que não honrou compromissos assumidos e, se não bastasse, abandonou a obra inacabada, deixando nossas ruas destruídas.
Confiamos na sensibilidade de nossas autoridades e temos certeza de que atenderão ao justo pleito do povo de Buritizeiro-MG, liberando recursos suficientes para que as ruas de nossa cidade sejam pavimentadas, retomadas as obras do esgotamento sanitário, e a auto-estima do nosso povo, enfim, recuperada.
Buritizeiro-MG, 7 de janeiro de 2011
4 comentários:
Bom Dia!
Adorei o novo blog.
Acredito que visualmente pode ser mais atraente, mas é um começo de comunicação que ao menos por mim foi muito esperado.
Textos bem redigidos é um ponto forte. Dá gosto em ler.
Só penso que neste post não deveria haver o nome do autor da solicitação aos ministérios, já que a mesma é assinada pela prefeita...
Estou muito feliz de ver a Ascom funcionando.
Abraços.
Ariadne obrigada por participar do nosso Blog, continue acessando, Sua opinião é muito importante.
Boa tarde,pessoal! Não podemos mais ficar de olhos fechados para o estado de calamidade que se encontra nossa cidade! Precisamos dar um basta nesta situação ridícula na qual estamos expostos...vamos colocar a boca no trombone e lutar pelos direitos de uma Buritizeiro melhor...Abraços...e sorte a todos...
Buritizeiro Nao Tem Prefeito
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